


A cidade teve sua origem, forma e organização embasada na aldeia.
A cidade deve, tecnicamente, à aldeia: dela surgiram, diretamente ou pela elaboração, o celeiro, o banco, o arsenal, a biblioteca, o armazém. Lembremo-nos também de que a vala de irrigação, o canal, o reservatório, o fosso, o aqueduto, o dreno, o esgoto, também constituem recipiente destinados ao transporte automático ou à armazenagem. O primeiro deles foi inventado antes das cidades; e sem essa ordem de invenções, a cidade antiga não poderia ter tomado forma, como afinal ocorreu; pois não era ela nada menos que um recipiente de recipientes. (MUMFORD, 1998, p.23)
Quanto a forma de estruturação da cidade atualmente, vale lembrar que ela também teve a sua origem na aldeia, considerando que lá também existia uma organização que foi a base atual das cidades.
A estrutura embrionária da cidade já existia na aldeia. Casa, oratório, poço, via pública, agora – qual não era ainda um mercado especializado -, tudo tomou forma primeiro na aldeia: invenções e diferenciações orgânicas, que aguardavam o momento de serem levadas avante na estrutura mais complexa da cidade. O que vale para a estrutura geral da aldeia vale também para as suas instituições. Os começos da moralidade organizada, do governo, do direito e da justiça existiam nos conselhos de Anciões da aldeia. (MUMFORD, 1998, p.26)
Muito se fala sobre a origem da cidade e a maneira como ela se estrutura. Também os padrões mínimos de infra-estrutura que a cidade deve possuir para proporcionar bem estar social aos seus moradores, pois, a cidade é, por excelência, o ambiente do homem civilizado. Ela constitui um centro de consumo, para onde são carregados continuamente materiais e energia originados em outras áreas.
A concentração do homem em cidades é uma conseqüência de sua tendência de viver em grupos. Esse grupo é variável de acordo com a atividade que ele realiza, e também com as disponibilidades dos recursos financeiros que possui. O homem constitui vida em grupos desde épocas mais remotas.
O ser humano sempre se caracterizou por uma tendência gregária, fundamentada principalmente na constituição de famílias, com estreita interdependência entre seus membros. Desde a mais remota Antigüidade o homem constitui aldeias, seja em torno de cavernas, seja em construção de Palafitas, nas regiões dos lagos, mas sempre reunido em grupos, para maior facilidade de defesa ou divisão de trabalho. O tamanho desses grupos variava conforme as disponibilidades dos recurso ambientais. (MURGEL, 1991, p. 7)
No Brasil, cabe salientar que durante os primeiros anos da descoberta e exploração, o nosso litoral continuou sendo habitado pelos povos da floresta.
Somente mais tarde foi que Portugal ofereceu terras aos nobres portugueses que quisessem plantar nas terras brasileiras. Cada nobre português ganhou uma porção de terras quando se mudou para o Brasil com sua família e outros parentes, as chamadas Capitanias Hereditárias. Trabalhando continuamente, construíram suas residências e começaram a formar os primeiros povoados no litoral do Brasil. O centro do povoado era uma pequena igreja.
As Vilas brasileiras cresciam lentamente, e povoar o Brasil era quase que impossível para a época. Por isso Portugal empenhou-se em
mandar mais gente para o país com o objetivo de aumentar a população e construir a primeira cidade brasileira: a Bahia de Todos os Santos, onde se situava a Vila do Pereira. A essa Vila começaram a desembarcar muita gente vinda de Portugal. Foi aí que a modesta Vila do Pereira deu lugar a cidade de Salvador, que foi a primeira cidade do Brasil. Mais tarde construiu-se as cidades de João Pessoa e do Rio de Janeiro.
Salvador e Rio de Janeiro chegaram ao destaque de maiores cidades brasileiras. Cabe salientar aqui, que na época elas eram chamadas de cidades porque nelas moravam o Juiz, o cobrador de impostos, o capitão da guarda, o bispo, entre outras autoridades.
Mais tarde essas cidades cresceram em outras regiões do Brasil. No sul, graças aos tropeiros que viajavam para o Rio Grande do Sul para negociarem, começou a surgir os primeiros povoados. Como as viagens dos tropeiros eram longas e muito cansativas, eles paravam para descansar nas pousadas existentes ao longo do caminho. Foi aí que surgiram muitos povoados entre o Sul e Sudeste do Brasil.
Em Pinhal da Serra, como não poderia deixar de ser, também existiam as casas ou pensões para descanso dos tropeiros e as pastagens para soltar os animais. Estas casas eram conhecidas na localidade como “Casa de Pasto”. Na localidade existia a Casa de Pasto de propriedade do senhor José Pessoa da Silva, que situava-se onde hoje temos o centro da cidade.
Desde os primórdios do processo de povoamento brasileiro, as suas cidades se concentravam na faixa litorânea, mas, a partir da década de sessenta, passaram por um processo de dispersão espacial, a medida em que novas porções do território passaram a ser ocupadas.
As cidades também são vistas como um lugar de trabalho livre, pois foi na cidade que se desenvolveram o comércio e o artesanato e, principalmente, ela passou a ser o lugar do poder. A elite dirigente de uma sociedade mais complexa vive na cidade, pois é nela que fica o poder que administra o território e em parte a vida do povo submetido a este poder, e isto é que difere o trabalho e a vida da cidade, do trabalho do campo, em especial o existente no período de transição do feudalismo para o capitalismo.
A cidade aparece, então, como uma semente de liberdade: gera produções históricas e sociais que contribuem para o desmantelamento do feudalismo. Representava a possibilidade do homem livre, da liberdade de escolha, muito embora esta fosse relativa, já que os ofícios eram regulamentados pelas corporações , pelas confrarias. (SANTOS, 1988, p. 53)
Em 1822, quando o Brasil se tornou independente de Portugal, aqui existiam poucas cidades e vilas. Somente Salvador e Rio de Janeiro eram de fato cidades. As demais não passavam de vilas. Hoje considera-se cidade no Brasil, toda a sede de município.

